domingo, 30 de outubro de 2011

O papel do professor em contexto online

O desenvolvimento crescente de tecnologias de informação e comunicação veio impulsionar a comunicação e a aprendizagem em rede na educação. Deve-se à sociedade do conhecimento e da informação a necessidade constante de novas competências e um reposicionamento do campo docente e da sociedade em geral, com vista a aumentar a qualidade e eficácia dos sistemas de educação. A mudança não se prende exclusivamente com a tecnologia, mas também com uma mudança nas conceções dos professores sobre o modo como se aprende, como enfatizam alguns estudos (Laurillard, 1993; Ramsden, 1992) citados em Morgado (2001). A formação a distância surge como uma nova modalidade educacional facilitadora da criação de novas formas de aprendizagem mais aliciantes e motivadoras, possibilitando a formação e qualificação a um maior número de indivíduos. Passamos de uma escola tradicional para uma escola do futuro, que começa cada vez mais a ser presente; desenvolveram-se novas práticas de ensino e por conseguinte novas reflexões no que respeita ao papel dos atores (professor e estudante) no processo de ensino/aprendizagem. Apesar do papel do professor não ser posto em causa nem tão pouco o contato pessoal deixar de ser valorizado, verifica-se uma mudança na sua função, portanto, o professor deixa de ser “agente de ensino” para se tornar “parceiro de aprendizagem”, tornando o contato pessoal mais interessante, sendo substituído o controlo da sala de aula presencial e/ou tradicional pela influência, aprendizagem em rede. Apesar das divergências e discussões acerca do papel do professor neste contexto de ensino aprendizagem, verifica-se “um relativo consenso quanto a considerar-se que a chave do sucesso do ensino online se centra na atuação do professor” (Bischoff, 2000; Salmon, 2000; citado em Morgado, 2001).


De acordo com o modelo teórico de Garrison, Anderson e Archer, 2000, citado em Anderson (2008), o contexto online torna a interação educativa mais versátil, permite o acesso a inúmeros formatos e conteúdos didáticos, oferece enormes repositórios de informação e permite a interação homem-máquina síncrona e assincronamente. Os autores, desenvolveram um modelo de aprendizagem online que denominaram "comunidade de aprendizagem”, onde salientam que são necessárias três componentes para o sucesso da aprendizagem online: a presença cognitiva - baseada e definida pelo estudo de um determinado conteúdo, contribuindo e auxiliando o desenvolvimento do pensamento crítico dos alunos; a presença social - criação de um ambiente envolvente e de apoio aos alunos que lhes permita expressarem-se num contexto colaborativo; a presença de ensino – refere-se a todo o “trabalho” que o professor deve executar de forma a criar uma “comunidade de aprendizagem” efetiva, onde tanto a presença cognitiva como a presença social estão plenamente compreendidas, pressupõe que a atuação do professor assente em três funções essenciais:


1) Desenho e Organização, refere-se à conceção e organização do contexto de aprendizagem compreendendo todo o processo, o antes e o durante a formação da comunidade de aprendizagem; Segundo Mota, 2009, garantir que o ambiente de aprendizagem seja favorável à interação e à partilha entre os participantes, professor incluído, assim como os estudantes arquitetem um conhecimento correto e relevante das matérias de estudo;


2) Facilitação do discurso, conceção e implementação de atividades a ocorrerem entre alunos, professores e disponibilização de material de consulta, deverá garantir a construção de significado e a compreensão mútua da comunidade de aprendizagem, facilitar o relacionamento entre os alunos e estabelecer regras consensualizadas sobre a participação, assumindo o professor uma postura flexível e que permita acomodar aquilo que chamam de agendas pessoais de alunos - “the personal agendas of the learners” (Palloff & Pratt, 1999, citado em Mota, 2009). Esta tarefa poderá ser realizada durante o decorrer do curso;


3) Instrução direta, contribuição do professor através dos próprios conteúdos de instrução direta, deverá o professor disponibilizar informação, estar atento às discussões e intervir se necessário, de forma a orientar estudantes na direção correta e recentrar o enfoque nos objetivos de aprendizagem, o objetivo comum da comunidade.


A presença Social, pode ser um papel delegado aos alunos, desde que contribua para o desenvolvimento da comunidade educativa.


De acordo com Laurillard, 2002, citado em Mota (2009), "a interação com um tutor ou a produção de reflexões (sínteses, resumos, ensaios, etc.) que permitam monitorizar os progressos realizados são aspectos fundamentais no controlo da qualidade da aprendizagem resultante da colaboração e da interacção entre os estudantes. Segundo esta autora, vários estudos demonstram que nem sempre estas interacções estudante-estudante resultam bem em termos da aprendizagem, e identificam duas causas maiores para o insucesso: a ausência de feedback por parte do professor e a ausência de reflexão, por parte dos estudantes relativamente ao ciclo objectivo – acção – feedback”.


Em suma, é fundamental o professor interagir com os estudantes, dar-lhes feedback e avaliar as aprendizagens, garantindo a motivação e o empenho de ambas as partes. O papel do professor, será o de reconduzir a tecnologia ao lugar que deve ocupar enquanto meio e não enquanto princípio definidor da aprendizagem. Downes, 2005, refere ainda que “In the future it will be more widely recognized that the learning comes not from the design of learning content but in how it is used. Most e-learning theorists are already there, and are exploring how learning content-whether professionally authored or created by students--- can be used as the basis for learning activities rather than the conduit for learning content”. Como exemplo o autor refere alguns estudos desenvolvidos por Seymour Papert, James Paul Gee, Aldrich Clark Prensky com jogos educacionais.

Bibliografia
Anderson Terry (2008). Teaching in an Online Learning Context. In Anderson, Terry (Ed), Theory and Practice of Online Learning. Athabasca University: Au Press (2ª Edição). Disponivel em: http://www.aupress.ca/books/120146/ebook/14_Anderson_2008Theory_and_Practice_of_Online_Learning.pdf

Couros, Alec (2010). Theaching & Learning in a Networked World. Keynote na conferência Quest 2010 [Video e Slides]. Open Thinking. Disponível em: http://educationaltechnology.ca/couros/1890

Downes, Stephen (2005). e-Learning 2.0.eLearn Magazine. Disponível em: http://elearnmag.acm.org/featured.cfm?aid=1104968#body-1

Paloff, Rena & Pratt, Keith (2010). The Excellent Online Instructor [Podcast]. Online Teaching and Learning. Disponível em: http://www.onlineteachingandlearning.com/podcast-palloff-pratt/

Simens, George (2010). Teaching in Social and Technological Networks. Connectivism. Disponível em: http://www.connectivism.ca/?p=220

Morgado, Lina (2001). O papel do professor em contextos de ensino online: Problemas e Virtualidades. Discursos. III Série, n.º especial, pp.125-138. Universidade Aberta. Disponível em: http://www.univ-ab.pt/~lmorgado/Documentos/tutoria.pdf

Mota, José (2009). Da Web 2.0 ao e-Learning 2.0: Aprender na Rede. Dissertação de Mestrado, versão online. Universidade Aberta. Disponível em: http://orfeu.org/weblearning20/3_2_2_comunidade_aprendizagem

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Twitter “primeiro estranha-se, depois entranha-se”…


Após a primeira semana de familiarização com o twitter, começa a ser evidente o porquê de esta ferramenta de comunicação social ser apenas para alguns em comparação com o facebook que é para todos. Tem sido uma verdadeira aventura a minha pesquisa acerca das potencialidades do twitter… alterei e melhorei o meu perfil, construi uma rede de aprendizagem (tarefa nada fácil para uma principiante!). Através dos widgets estabeleci ligação com o meu blog.





















Comecei a explorar algumas ferramentas como o Hootsuite e o Tweetdeck. Optei numa primeira fase por fazer um sign up no Hootsuite, já que o aplicativo Tweetdeck exigia o download e consequentemente uma subcarga do sistema. Comparativamente ao Twitter, o Hootsuite é de fato mais atraente, permitindo uma visualização mais rápida e sobretudo organizada das mensagens (divididas em Direct Message, Mentions e Home feed). Fiz alguns testes de publicação de ficheiros quer do Hootsuite e Tweetdeck.

Considerando, que ainda tenho muito a explorar e testar, esta ferramenta de comunicação social tem-se revelado uma verdadeira surpresa! ;-)

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Pedagogia do e-Learning - reflexão crítica

O termo aprendizagem torna-se nos dias de hoje difícil de definir, já que do ponto de vista psicológico e filosófico o seu conceito tem sofrido mudanças significativas. Driscoll (2000), citado por Siemens (2004), define aprendizagem como “uma mudança persistente na performance humana ou potencial desempenho…deve surgir como resultado da experiência do aluno e a interação com o mundo”.
Em finais do século XIX a panorâmica das fontes de informação concentra-se nas teorias da aprendizagem - o behaviorismo, o cognitivismo e o construtivismo em uma época em que aprendizagem não sofria o impacto da tecnologia. Anderson e Dron (2011) apontam três gerações de pedagogias referentes a EaD. O behaviorismo- cognitivismo impulsionaram o desenvolvimento do design instrucional, o foco está na aprendizagem individual. O construtivismo, baseado em Piaget e Vygotsky, procura uma pedagogia baseada em oportunidades para interações entre alunos e professores. O conetivismo, visa responder às novas realidades introduzidas pelo avanço tecnológico e as transformações económicas, sociais e culturais, onde os papéis mudam e o aluno deverá ser capaz de encontrar e aplicar o conhecimento onde e quando necessário.
A Educação a Distância para Malvestiti (2005), citado por Bottentui (2009), constituiu, desde sempre uma modalidade educativa não convencional, sendo possível distinguir diferentes fases/gerações na sua evolução: primeira geração caraterizada por um ensino baseado em correspondência; segunda geração assinala o aparecimento dos recursos audiovisuais (TV educativa, vídeos e cassetes); a internet, terceira geração, abre novos espaços para a aprendizagem, possibilitando a comunicação síncrona e assíncrona entre professor – alunos – pares e a quarta geração é assinalada pela transferência quase na totalidade do material scripo (textos e livros) por materiais acedidos através de ambientes e plataformas de ensino.
Encontramo-nos numa transição de uma Sociedade Industrial que privilegia a cultura de ensino, para uma Sociedade em Rede que dá particular importância à cultura da aprendizagem: preparar os jovens para uma diversidade de competências (trabalho de equipa, espírito critico, capacidade de iniciativa na resolução de problemas, entre outras) exigidas pela sociedade da informação e do conhecimento. As teorias construtivistas ainda se afiguram na Educação a Distância como a teoria de aprendizagem que melhor se adequa a objetivos gerais da educação. A “hipermédia” veio possibilitar planear a aprendizagem num formato não linear, sendo possível diversificar as estratégias de aprendizagem e sobretudo adaptá-las às diferentes necessidades educativas envolvendo-as em contextos cognitivos e sócio culturais. Neste sentido, aquando a implementação de um sistema de Ensino a Distância será necessário selecionar as teorias pedagógicas mais adequadas ao ambiente de formação, já que todas assumem um papel importante. Recomenda-se o recurso às teorias construtivistas, também conhecidas pela segunda revolução cognitiva, onde partilham os mesmo princípios básicos, e apresentam uma filosofia de aprendizagem baseada na premissa de que cada um constrói o seu próprio conhecimento do mundo em que vive, refletindo nas suas experiências pessoais, regula-se ainda numa participação ativa na resolução de problemas e desenvolvimento do pensamento crítico, o aluno constrói, cria e desenvolve as próprias ideias ao invés de assimilar o conhecimento ou ideias transmitidas pelo professor. A aprendizagem é ainda influenciada pelo contexto, valores e atitudes do indivíduo. De acordo com Kerr (2007), citado por Mota (2009), “alguns aspetos reclamados pelo Conetivismo como específicos foram já cobertos no passado: com a teorização do social construtivismo, Vygotsky abordou a relação entre ambientes de conhecimento internos e externos; o construcionismo de Papert e os seus “objectos para pensar com” (objects to think with) ou a cognição activa e incorporada (embodied active cognition) de Clark também explicam muitos desses aspectos; as comunidades de práticas são outro dos modelos a ter em conta, pois perspectivam a aprendizagem como inerentemente social e situada, como também as correntes geralmente designadas como construtivistas”.

Princípios básicos do construtivismo:
- O conhecimento é construído ativamente, não é transmitido;
- A aprendizagem como um processo ativo e refletivo, não passivo;
- A interpretação da nova experiência é influenciada pelo conhecimento prévio;
- As interações sociais introduzem perspetivas múltiplas de aprendizagem;
- A aprendizagem centra-se em contextos e não em fatos isolados.

Distingue-se ainda, que na construção do próprio conhecimento, o mesmo é relativo (nada é absoluto, varia de pessoa para pessoa) e falível (nada pode ser assumido como garantido). Outro conceito importante a ter em conta é o scaffolding (suporte) – guiar o aluno do que é presentemente conhecido para aquilo a conhecer. Segundo Vygotsky, as dificuldades sentidas na resolução de problemas são devido a três categorias de carências: i) aptidões que o aluno não é capaz de desempenhar; ii) aptidões que o aluno poderá ser capaz de desempenhar; iii) aptidões que o aluno é capaz de desempenhar com ajuda. Esta última, designada pelo autor como Zona de Desenvolvimento Próximal, ou seja área de exploração cognitiva para a qual o aluno está preparado cognitivamente. Neste sentido, o “suporte” irá possibilitar serem desempenhadas tarefas que poderiam estar aquém das suas capacidades sem a ajuda guiada.



Sabe-se no entanto, que existem ambientes que se baseiam em ideias behavioristas e cognitivistas e que a seleção do tipo de teoria a um determinado ambiente de Ensino a Distância assume uma importância fundamental, tendo implicações na definição do modelo pedagógico a implementar.






Bibliografia:




Anderson, Terry & Dron, Jon (2011). Three generations of distance education pedagogy. IRRODL. Disponível em: http://www.irrodl.org/index.php/irrodl/article/view/890.




Anderson, Terry (2010). Three Generations of Distance Education Pedagogy. IRRODL. [Elluminate Recording, Powerpoint Presentation & MP3 Recording]. Disponível em:http://www.irrodl.org/index.php/irrodl/article/viewArticle/865/1551.




Bottentui Junior, J. B. & Coutinho, Clara Pereira (2008). Do e-Learning tradicional ao e-learning 2.0. RepositóriUM – Universidade do Minho. Disponível em: http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/8533




Connole, Grainne (2011). Review of Pedagogical Models And Their Use In Elearning.Disponível em: http://www.slideshare.net/grainne/pedagogical-models-and-their-use-in-elearning-20100304.




Mota, J. (2009). Da Web 2.0 ao e-learning 2.0: Aprender na Rede. Disponível em: http://orfeu.org/weblearning20/




Siemens, George (12-12-2004). Connectivism: A Learning Theory for the Digital Age. elearnspace. Disponível em: http://www.elearnspace.org/Articles/connectivism.htm

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Aventura no Twitter

O Twitter, apesar de ser uma das redes sociais mais utilizadas a nível mundial, até ao momento não me tinha chamado a atenção quer a nível pessoal ou profissional. Foi no âmbito da unidade curricular Ambientes Virtuais de Aprendizagem que se inicia a minha aventura pelo Twitter. E que aventura!!!

Criei a conta e o primeiro impacto foi bastante positivo: rapidamente comecei a seguir o grupo de trabalho, enviar mensagens com a limitação de 140 carateres, utilizar a etiqueta ou hashtag de acordo com área temática que nos agrada, utilização de etiqueta relativa ao grupo de trabalho e enviar direct message (DM).



O pior ainda estava para vir… e assim foi… nomes como Thinkup, HootSuite e TweetDeck e uma quantidade enorme de mensagens (ainda bem que são curtas) para ler, fizeram com que me perdesse um bocadinho e tivesse de recorrer a ajuda do professor, de colegas e do imprescindível manual disponibilizado. Dificuldades a serem ultrapassadas devagarinho mas a bom ritmo!!!